9 de novembro de 2010

Striptease

Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender.
Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente.
 
Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.
Primeiro tirou a máscara: "Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto".
 
Então ela desfez-se da arrogância: "Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história."
 
Era o pudor sendo desabotoado: "Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou".
 
Retirava o medo: "Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei".
 
Por fim, a última peça caía, deixando-a nua
 
"Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui".
E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.


Nathalia
fazendo das palavras de Martha Medeiros as suas.

9 comentários:

  1. PORRA! QUE DA HORA! ADREI AQUI NATHÁLIA! UM BEJÃO

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  2. Ótima expressão !
    faz todo um sentido dentro de um contexto totalmente diferente
    muito bom.

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  3. Rico em detalhes.. dá pra imaginar direitinho!

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  4. Uaau! Arrazou, Nathalia! Ela se despiu em palavras e foi magnifica a atitude. A-do-rei!
    ;*

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  5. Me despi assim há pouco tempo... Não sei como, mas consegui
    *---*

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  6. Só uma coisa que eu não entendi direito...ela saiu do apartamento pelada? O.o

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Meus parabens muito bem colocado tudo.
    Se bem que eu sou meia suspeita para comentar...
    Martha Medeiros é realmente a 'cara'.
    Muito bem escrito e ótimo gosto o seu.
    Ameei o blog!

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Obrigada pela opinião!