Ela chegou e sentou.
Ele chegou e analisou. Ao avistá-la ao longe sorrindo ao folhear um livro qualquer, que talvez fosse o seu favorito, sua primeira reação foi caminhar em sua direção. Com as mãos no bolso e um nervosismo fora do comum, ele também se sentou.
Ela, distraída e sem jamais imaginar quem poderia estar por ali, continuou folheando o livro com sua doçura, disfarçando sua timidez entre um sorriso e outro.
Ele, pensando em mil palavras pra dizer apenas um oi.
Eis que um pensamento aleatório toma conta da cabeça dele. Onde tudo aquilo que estava acontecendo, se acabe com a chegada de um belo rapaz que se senta ao lado dela e ela o chama de 'amor'. Era apenas uma cena imaginada, o ponto de impulso para que ele tomasse a atitude certa naquele minuto.
A coragem tomou conta dele e...
- Oi - ele disse.
Com um olhar espantado, talvez designado como surpresa, com o mesmo olhar brilhando, ela responde:
- Você?
- Não imaginava encontrar você aqui.
- Muito menos eu, ainda mais depois de todo esse tempo.
Havia se passado quase um ano, desde que um 'adeus' havia soado pelo telefone.
Ambos se olhando fixamente, nada mais era preciso ser dito.
A ausência era traduzida na reação dos dois. Aqueles trezentos e dezenove dias, contados por ela, haviam sido importantes para refletir naquelas vidas o bem necessário, ou melhor, necessário enxergado finalmente.
Foi tempo necessário pra traduzir o quanto um representava na vida do outro e por acaso do destino, ali estavam novamente, anestesiados diante de uma situação incomum e durante meses, desejada.
Ambos sorriram, pensando a mesma coisa. Relembrando momentos inesquecíveis e comparando com esse tempo distante, onde fatos e histórias novas aconteceram, fortalecendo uma única certeza, pela qual todos já sabem.
Sorrindo juntos, ela encostou seu rosto no ombro dele enquanto seu cabelo era entrelaçado pelos dedos de quem acompanhava seu sorriso. Ficaram assim por um longo tempo, apenas ouvindo o silêncio que ecoava para selar um momento inesquecível para eles e para nós, meros admiradores do sentimento alheio.
Nathalia
na madrugada, se questionando por ter escrito mais uma vez sobre amor.