15 de setembro de 2019

Eu não sofri por você

Eu não sofri por você
Eu sofri para registrar o número de outra pessoa nos meus contatos favoritos
Eu sofri para entender que o banco do passageiro seria ocupado por alguém diferente
Eu sofri para ter que contar toda a mudança da minha vida e de todos os meus planos para toda essa gente
Mas me recuso a dizer que sofri por você
Afinal
Eu não sofri por você
Eu sofri para aprender a desviar do caminho da sua casa
Eu sofri para encontrar outro bar que me acolhesse
Eu sofri para responder qualquer pergunta que lhe pertencesse
Mas não aceito dizer que sofri por você
Porque, de verdade
Eu não sofri por você
Eu sofri pelas cartas que te escrevi e não mandei
Eu sofri pelas palavras que não falei
Eu sofri por toda a expectativa que eu criei
Sozinha.
Veja só como, de fato,
Eu não sofri por você
Eu sofri por mim
E pelo tempo que gastei,
Sonhei,
Chorei e,
Pesarosamente, ainda não me encontrei
Em ninguém que não fosse
Você.
Mas que fique claro: eu não sofri por você.

Nathalia,
pensando nas cartas não mandadas.

8 de setembro de 2019

Setembro amarelo pra quem?

Encerramos a primeira semana de setembro e um dos assuntos mais comentados aos quatro cantos dessa internet foi o “Setembro Amarelo”. Muito bonita a campanha, a movimentação, o espaço na mídia e todo o alarde causado para trazer à tona um assunto tão necessário em tempos tão malucos como o que vivemos atualmente. Mas, vamos a algumas verdades.
Só quem convive com a depressão ou qualquer outra doença mental sabe que os dias não são tão coloridos assim.
Amarelo é o sorriso de quem diz da boca para fora que “vai ficar tudo bem” sem se importar se vai mesmo ou que “isso é frescura, você não é a única pessoa a estar passando por problemas”. Recebe-se o julgamento, os olhares curiosos e até alguns adjetivos que não lhe pertencem.
Há também quem conviva com a dor diariamente e não se permite transparecer. É quem cala, consente e, acima de qualquer razão, também sente. É quem finge não se abater, só para não parecer ser. Dentre profissionais e meros conhecidos, a verdade é que quem é frágil  passa facilmente despercebido. 
Assim, antes de erguer uma bandeira que só é válida quando te convém, reveja se no meio de seus amigos está realmente tudo bem.
A realidade é que o cuidado não mora somente no mês de setembro. Tamanho zelo e compreensão deveriam se fazer presentes todos os dias, assim como a empatia ao lidar com quem de fato precisa de ajuda. O mês é amarelo, mas difícil é encontrar quem pinte os dias durante o ano inteiro.

Nathalia,
(...)