1 de março de 2017

Todo carnaval tem seu fim

Na última quinta-feira, dia 23 de fevereiro, tive uma das perdas mais dolorosas da minha vida. Deus - com sua infinita bondade e sabedoria - chamou meu avô para junto dele. Seu Pedro era um senhor de sorriso doce e deixou em mim uma saudade que será para sempre eternizada pelo cheiro do seu cigarro de corda e pelo soar do acorde de seu violão. 
Por circunstâncias alheias a minha vontade deixei de estar presente no último adeus dado ao meu amado vô, o único que pude conhecer em vida. Mas Deus - novamente com sua infinita bondade e sabedoria - também sabia dos motivos que me fariam ficar em minha cidade em meio a tanta tristeza e decepção.
Eu nunca fui uma pessoa que gosta de carnaval. Geralmente eu e meus pais vamos à Minas Gerais e por lá encontramos tudo aquilo que queremos... Paz! Neste ano, para quebrar certos paradigmas, eu havia decidido que finalmente pisaria em um bloquinho. Pensei na fantasia e já tinha companhia, mas a vida me mostrou que ia mesmo ser diferente.
Durante os cinco dias de carnaval, contando a partir da sexta-feira em que todo mundo já sai do expediente literalmente pulando, estive em casa com um dos maiores amores da minha vida: meu pai. 
A minha relação com meu pai sempre foi intensa e permaneceu acima de todos os outros sentimentos existentes, mas eu nunca havia me sentido tão amada como nos últimos dias. Foram dias intensos e cheios de emoção, transparência e amizade. Foram dias do mais puro e sincero amor. Foram dias necessários. Foram dias de resgatar a verdadeira essência de viver.
Enquanto isso, entre uma visita nas redes sociais e mais um episódio da minha série favorita, pude acompanhar a alegria de meus amigos entre seus afazeres. Alguns foram viajar, enquanto outros estavam a trabalhar ou estudar, também tiveram aqueles que só pensavam em descansar e o restante continuavam a pular, muitas vezes deixando até de publicar. 
Parei para pensar por um instante sobre como cada um a sua maneira tenha aproveitado o carnaval, essa festa que parece infinita a cada ano, mas que termina com uma quarta-feira de cinzas em busca de um renascimento que virá daqui quarenta dias. Em conclusão a isso, percebi que a maioria das pessoas buscara aquilo que lhe faz feliz, seja em meio a folia ou assistindo netflix.
Deste modo, diante de dias tão felizes - mesmo com algum descontentamento - e momentos tão valiosos - que nenhum dinheiro no mundo consiga pagar - vos convido a tentar fazer a cada dia um carnaval. Por que não somos carnaval o ano inteiro? Para que esperar tanto e festejar só em fevereiro? Por que temos tanto medo de amar por inteiro? 
Que dispensem as amarras e as palavras que não foram ditas para que tenhamos dias melhores e possamos aproveitar cada segundo desta passagem que chamamos de vida. 
Hoje eu sinto saudades do meu avô, mas sei que a sua presença estará sempre comigo através do amô(r). Todo carnaval tem seu fim, mas a cada fim um recomeço.

Nathalia,
com saudades.